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quinta-feira, 12 de abril de 2018
Por que procriar se efetivamente se está apostando com o bem-estar alheio? Na vida não há garantia de nada, então por que sujeitar alguém a um mundo como o nosso? Até onde sabemos, qualquer pessoa pode sofrer o suficiente para renunciar a vida. Inexistência nunca machucou ninguém, mas existência sim
Porque a vida é uma preciosidade ímpar. Doá-la a alguém é o maior presente que se possa oferecer. Trata-se de uma singularidade tão especialíssima que deixar de gozá-la e a maior perda que se pode conceber. Temos que ser extremamente maravilhados e jubilosos por termos tido esse privilégio inominável de termos nascidos e sermos partícipes desse fluxo de vida que vem desde o primeiro ser vivo que surgiu e vai prosseguindo, de uma a outro, até o último que existir. Interromper essa cadeia voluntariamente é uma violência contra o Universo. Se temos a capacidade de nos tornarmos um doador de vida para outros seres que nascerão de nós, temos que fazer uso desse imenso privilégio. Ainda mais por sermos seres humanos dotados de inteligência, razão, sensibilidade e consciência bem mais apuradas do que os demais. Melhor ainda se fossemos os seres do futuro que evoluirão a partir de nós e que terão essa características mais avançadas ainda. Mas se tivermos filhos, estaremos colaborando para que, um dia, nossos descendentes já pertençam a novas espécies trans-humanas que povoarão o Universo, até que ele se torne hostil a qualquer forma de vida. Boicotar isso, a não ser que isso seja impossível por incapacidade orgânica nossa, para mim, é um crime mesmo. Mesmo que as condições de sobrevivência na sociedade atual sejam problemáticas, temos que lutar para mudar isso e para construir uma sociedade em que a vida desabroche com viço, com alegria, com plenitude, com sabedoria, com prazer, com amor. Temos que doar filhos ao mundo para que eles se empenhem, também, em consertá-lo para as futuras gerações.
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