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terça-feira, 29 de janeiro de 2019
Você disse que não considera Tomás de Aquino um filósofo. Mas e Agostinho?
Também não. Ambos são, fundamentalmente, teólogos, porque não são céticos nem livres pensadores. É essencial a um filósofo ser cético e livre pensador. Não pode ter nenhuma pré-concepção baseada em alguma fé. A fé não é compatível com o pensamento filosófico. Mesmo que algum filósofo possua uma crença religiosa, ele não pode abraçá-la com fé, mas sempre com ceticismo. Senão não é filósofo. O filósofo não pode assumir aprioristicamente nada como verdade. Ele tem que chegar à verdade, se conseguir, de forma inteiramente não preconcebida. Aliás, fé, qualquer que seja ela, é um total despropósito. Consiste em uma crença em algo não evidente e não comprovado que, sequer, tem indícios de plausibilidade. Não há como, de modo nenhum, decidir entre as diferentes fés, qual seria a verdadeira. E a fé não pode ser critério de veritação de nada, pois há quem tenha fé sincera e profunda em assertivas inteiramente díspares. E como a verdade tem que ser única, não podem ser todas verdadeiras, tenha-se nelas a fé que se tiver. O critério de escolha entre elas, pois, tem que ser extrínseco a elas. Isto é, tem que ser empírico ou racional. E como nenhuma delas passa por esses critérios, o correto é supor que todas sejam falsas.
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