domingo, 17 de outubro de 2010

Como você explicaria o desastre chileno entre 1973 e 1989, quando tentou-se implantar um sistema totalmente descentralizado e libertário e que não alcançou as devidas expectativas?

O regime de Pinochet pretendia ser libertário e descentralizado mas, de fato, era autoritário e centralista. Além do mais, foi um regime imposto pela força. O verdadeiro regime libertário só existe se surgir de forma espontânea, como um desejo simultâneo do povo e do empresariado, implantado pela via democrática, isto é, pela eleição de um parlamento e um governo comprometidos com medidas descentralizadoras e libertárias e que as aplique de forma gradual mas firme e segura, até que se atinjam condições de se prescindir do dinheiro, da propriedade e do governo. Isto é um processo muito lento, muito lento mesmo, da ordem de centenas de anos. Principalmente porque só tem sentido se for adotado em todo o mundo. Não há como se ter um país anarquista. Anarquismo só existe como condição global. O caminho para o anarquismo não é o socialismo nem o comunismo, mesmo que o anarquismo seja comunitarista. O caminho é o liberalismo extremado, a descentralização total e o capitalismo tão pulverizado que toda pessoa se torne patrão e não haja mais empregado nenhum. Isto só pode ser gradual e tem que ser levado adiante paralelamente a um programa educativo que leve, também, a que todos os adultos tenham, pelo menos, o nível médio de educação formal, que sejam politicamente conscientes e cultos. Que se invista no aprimoramento da inteligência como meta da educação, além da transmissão de conhecimentos e da aquisição de habilidades. Sem falar da formação do caráter. Neste projeto também é preciso conscientizar o empresariado de que a meta da sociedade é comum tanto para o povo quanto para a elite detentora do dinheiro e do poder. Tal meta é um mundo justo, próspero, harmônico, fraterno e pacífico para todos e não só para alguns. Todos que eu digo, são todas as pessoas, de todos os países, de todas as raças, de todas as religiões. Todos irmanados, uns cooperando com os outros e abdicando de parte de sua riqueza para o bem comum. Construindo uma riqueza coletiva e não individualizada. Certamente, de forma sustentável, isto é, preservando a qualidade do meio ambiente. É perfeitamente possível se construir um mundo só de ricos. Isto mesmo, em que TODOS sejam ricos, pelo menos num nível de renda mensal de, digamos, cinco mil dólares per capita, bem uniformemente distribuída, em que a máxima renda não passe do quíntuplo e a mínima da quinta parte disto.

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