quinta-feira, 21 de outubro de 2010

Que homem de bom-senso pode considerar o acaso um ser inteligente?

O acaso não é um ser, mas um tipo de processo, isto é de forma de realização de ocorrências, fenômenos ou eventos. Diz-se que um evento é fortuito ou aleatório (ao acaso) se sua ocorrência não se dá por determinação (causação) de nenhum outro evento. Isto é, de forma espontânea e imprevisível, portanto não planejada. Há duas categorias de eventos aleatórios. A primeira é a dos eventos básicos experimentados pelas entidades fundamentais da natureza, que são as partículas elementares, como os decaimentos, interações, absorções ou emissões. Este indeterminismo e esta aleatoriedade é intrinseca a tais fenômenos. Nos conglomerados de muitas partículas, que formam os blocos de matéria, o efeito cumulativo leva a uma concentração da distribuição de probabilidades (tipo uma função delta de Dirac) que leva ao determinismo observado nos eventos macroscópicos. No entanto, estes também, quando dependentes de uma multiplicidade grande de fatores incontroláveis, tornam-se aleatórios, como o lançamento de dados, que é um segundo tipo de aletóriedade. Os eventos aleatórios e os eventos incausados não são produtos da interveniência de nenhum agente inteligente. Note que a ausência de causa determinante não exclui a necessidade da existência de condições que possibilitem a ocorrência do evento, mas não o determinam, que é o que se chama de causa. Além disso, o que estou considerando como evento é a ocorrência, por exemplo, de um particular resultado do lance de dados e não do lance de dados, que, certamente, vai requerer um agente causal. Mas o resultado é casual. No caso da aleatoriedade intrínseca, a própria ocorrência, e não apenas o seu resultado, é casual.
Sobre a aleatoriedade do surgimento do Universo, pode-se considerar que tal fato foi uma ocorrência do tipo básico, experimentado pelas partículas elementares, uma vez que o conteúdo que começou a expandir-se no Big Bang pode ser considerado uma unica partícula com massa correspondente ao conteúdo total de massa e energia existente no Universo. Naquele momento a cosmologia e a física de partículas (teoria quântica de campos) teriam que ser um modelo único do comportamento da natureza, ainda não desenvolvido. Certamente que não foi algo feito por nenhum agente inteligente.

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