Claro que não. Mesmo considerando que não existe Deus, nem alma imortal, nem céu, nem inferno e que a morte seja a cessação completa da consciência, a vida continua a ter sentido. Primeiramente o sentido da vida é sua própria perpetuação. Vivemos para que a vida continue a existir e para que sejamos um elo da corrente vital que começou com o primeiro ser vivo e passa por nós, prolongando-se até não se sabe quando e onde. Assim, gerar uma prole é algo altamente significativo, por nos colocar nessa corrente, mesmo que ela tenha surgido sem razão externa nenhuma e não tenha propósito nenhum fora de si mesma. O ser humano, contudo, por ser possuidor de uma mente desenvolvida e consciente (mas não exclusivamente ele), busca um sentido para sua existência. O ateísmo não exclui este sentido, nem exclui a necessidade de uma ética, como o niilismo o faz. O sentido cada uma precisa achar o seu: um projeto de vida, pelo qual se deseje lutar e cuja consecução seja motivo de imensa satisfação e orgulho. Mas é preciso que os projetos de vida, para que se encontre um significado para ela, não sejam egoístas. De minha parte coloquei este projeto na educação, na ciência, na cultura e na arte. Em levar ao máximo número de pessoas, por minha profissão e minhas ações sociais, a luz do conhecimento científico e filosófico, do ceticismo metódico, do livre pensamento, de uma postura ética, do desenvolvimento de habilidades intelectivas de reflexão e raciocínio, da luta pela implantação de um mundo justo, harmônico e fraterno, para todos os seres, a fim de que o bem e a felicidade se espalhem pelo mundo, atingindo todas as pessoas e a natureza. Mas também levar a beleza da arte, especialmente da música e da pintura, a que me dedico, para propiciar alegria e prazer de viver ao maior número de pessoas. Outra coisa importante é articular seu projeto de vida de forma que ele continue depois de sua morte. Para tal há que se engajar nele o maior número de outras pessoas, de sorte que ele não seja personalista, mas algo coletivamente construído. Morrer com a satisfação de ter deixado o mundo melhor porque vivemos é extremamente gratificante, mesmo que, morrendo, jamais se saberá nada a respeito de qualquer coisa. Assim procedendo, dando de si antes de pensar em si, esquecendo de buscar a prosperidade e a felicidade para que o mundo se beneficie de sua vida, sem esperar retorno sequer com a salvação eterna, então se encontrará a paz de espírito e a felicidade, que não é condição para a obtenção de nada além dela. Mas a felicidade não é alcançada por quem a busca, mas por quem se esquece dela e busca o bem e a virtude.
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