quarta-feira, 20 de outubro de 2010

O materialismo clássico, que assimila o universo a uma máquina, pede um relojoeiro! Quem é ele?

Sobre esta questão do relojoeiro, há controvérsias. Todo artefato pressupõe um construtor, mas não os seres naturais. A dinâmica da natureza não segue nenhum plano, não tem nenhum objetivo e não requer nenhum arquiteto nem construtor. A natureza se faz a si mesma de forma aleatória. A seleção natural, no caso biológico, se encarrega de preservar quem tiver sucesso adaptativo. A evolução, tanto cósmica quanto biológica, ocorre de forma inteiramente casual e imprevisível. Tanto é que o que é produzido não possui nenhum compromisso com perfeição, eficiência e eficácia. A maior parte dos produtos da evolução é destruída. Só sobrevive o que, por acaso, dá certo. O acaso é o senhor do Universo. O fato de existirmos é o produto final de uma série extensíssima de coincidências. Por isto é tão precioso, pois, pelas probabilidades, jamais existiríamos, como tudo o mais. Mas é preciso entender o que significa probabilidade. Ganhar na Megasena tem uma probabilidade de um em 46.656.000.000. Isto significa que, se se jogar duas vezes por semana, a esperança matemática é de que se ganhe após 449 milhões da anos. Mas, quase toda semana alguém ganha. Pode-se calcular a probabilidade de átomos se reunirem ao acaso e formarem aminoácidos, depois de aminoácidos formarem proteínas, de bases nucleicas formarem nuceotídeos e estes ácidos nucléicos, de proteínas formarem organelas e estas células, de células se organizarem em tecidos, estes em órgãos e estes em organismos. Tudo isto gradativamente em um processo evolutivo. Esta probabilidade será extremamente pequena (mais imensamente maior do que a probabilidade de todos os meus átomos se reunirem, por acaso, em meu corpo, exatamente em sua estrutura). Isto não significa, em absoluto, que não possa ocorrer. Se estamos aqui é porque ocorreu.
A crença no poder da ciência em explicar e controlar o mundo é muito diferente da fé no sobrenatural, pois é embasada em uma imensa quantidade de indícios que a suportam, face a seu sucesso. Certamente que há muito mais a se saber do que o que se sabe, mas isto não significa que se deva atribuir a interveniências extrínsecas ao Universo ou a alguma consciência cósmica a explicação para as estruturas e ocorrências do mundo. A ciência é extremamente jovem. Esperemos, pelo menos, algumas dezenas de milhares de anos.

Ask me anything (pergunte-me o que quiser)

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