domingo, 17 de outubro de 2010

O que faz a vida valer a pena?

Primeiro que não é nenhuma pena. A vida é maravilhosa, mesmo com suas vicissitudes e percalços. Para alguém que esteja passando por graves problemas de doença, penúria extrema, aprisionado ou escravizado, a vida é, sim, uma pena e, em alguns casos, pode não valer, sendo preferível o suicídio, que acho que é algo que se pode levar em consideração. Mas só nos extremos. Normalmente viver é extasiante, embriagador, extremamente precioso e único. Sentir que se respira, que o coração bate, que se enxerga, se ouve, se sente os odores, os sabores, os toques, o frio, o calor, a sede, a fome, o desejo. Que se pensa, que se sente, que se ama e é amado. Tudo isto é fantástico e nos dá um sentimento de poder, de vigor, de alegria de satisfação, de realização. Sim, pois a razão e o propósito da vida é a própria vida. Vivê-la intensamente e em plenitude, fruindo tudo a que se tem direito é o que lhe dá sentido e significado. Mas não me refiro a um hedonismo desenfreado e egoísta. Sou um estóico-epicurista. Considero que a felicidade é a maior recompensa, mas não o objetivo e sim uma retribuição por se viver virtuosamente, gozando os prazeres com moderação, sem efeitos colaterais dolorosos e, principalmente, fazendo o bem, que é o que nos dá mais satisfação e alegria em ver que nossa vida é importante para que o mundo se torne melhor. Assim a vida tem valor, mesmo sem pena, e gostaríamos que ela se prolongasse por dezenas de milhares da anos, para que possamos contribuir mais ainda para a felicidade global que incluirá, em consequência, a nossa própria.

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