Claro que não. Seu sucesso literário é semelhante ao de Sidney Sheldon, Harold Robbins e Joane Rowling. Ele escreve o que o povo quer ler. São tramas cativantes e depoimentos que convergem para a satisfação dos anseios de soluções mágicas para os problemas da vida. Um livro que exalte a crua realidade da total inexistência de soluções mágicas para o que quer que seja, um livro cético e racional, não encontraria acolhida. Além do mais, a literatura arte, não só linguisticamente falando, mas, principalmente, aquela que esmiuça os meandros tortuosos da mente humana, a irracionalidade dos comportamentos da sociedade, que levante, sem responder, as questões filosóficas fundamentais da existência, de forma a exigir do leitor grande concentração e extenuante trabalho de interpretação textual, está fadada a mofar nas prateleiras das livrarias. Mas, de fato, é preciso que a literatura seja uma fonte de entretenimento e prazer também. O perigo é levar o povo, cada vez mais, como as novelas e seriados idiotas da televisão, a se quedar contemplativo a fruir só emoções, esquecendo-se e desaprendendo (se algum dia aprendeu) de refletir, de criticar, enfim, de pensar, tornando-se gado dócil para ser manipulado pelos controladores da mídia, do poder econômico e, até, dos ideólogos de todas as matizes, que querem impor suas convicções sem que ninguém possa contrapor nada, porque não compreende, como muitos líderes religiosos e políticos.
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