segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Professor, você concorda com quem trata a ciência como uma crença, mas uma crença baseada em fatos e evidências, ou você não acha que a ciência seja passível de crença?

A ciência não "é" uma crença, mas ela se fundamenta, também, em algumas crenças. Como, por exemplo, da realidade da existência objetiva do mundo exterior a nossa mente. E outras, como a de que o conhecimento tem que se basear em verdades, isto é, na adequação entre a realidade e o que se diz a respeito dela. Tais crenças, contudo, não são "fés", pois possuem um respaldo em sua plausibilidade e grandes indícios de veracidade. A "fé", por outro lado, é uma crença desprovida de plausibilidade, bem como de indícios de veracidade. Todavia, a maior parte das assertivas científicas não são crenças, mas resultados de verificações empíricas a respeito do comportamento do mundo, bem como afirmações logicamente deduzidas dessas outras, conjugando-as com novas definições. Basear-se em evidências não é construir "crenças" e sim conhecimento epistêmico. Crenças são "doxas", ou seja, conhecimentos não evidentes e nem lógicos (quando se diz que algo é "lógico" é, exatamente, porque não é evidente e sim uma conclusão feita por raciocínio, com base em evidências, mas não evidente em si mesmo). Doxas são "achismos", mesmo que completamente plausíveis. Mas podem ser falsos. Um exemplo típico de conhecimento falso que se tomou como verdadeiro por muito tempo é o de que todo evento seja efeito de alguma causa. Muitos são, mas vários não são.

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