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segunda-feira, 2 de outubro de 2017
Professor, com relação ao comunismo, concorda que pessoas esforçadas e produtivas como você teriam a mesma quantidade de bens e direitos que uma pessoa preguiçosa desonesta e mau caráter?
Sim. Porque bens, ninguém teria nenhum e direitos, todos teriam os mesmos. A diferença é que uma sociedade comunista, especialmente anárquica, propiciaria às pessoas retribuições em termos de alguma regalia, consideração, estima e, mesmo, benefícios em razão do quanto alguém seria responsável e benemérito para a própria sociedade e restringiria as benesses para quem exiba um comportamento preguiçoso, não solidário, irresponsável, egoísta e o que fosse do tipo. É o que acontece nas tribos selvagens, com as devidas alterações para uma sociedade sofisticada, tanto técnica quanto culturalmente. Isso não precisa de nenhuma aferição institucional e se daria de modo espontâneo e intuitivo pela própria sociedade. Note que, sempre se precisa dizer, que uma sociedade anarco-comunista não se implanta. Ela surge espontaneamente pela evolução civilizatória da humanidade, e ficará estabelecida DEPOIS que os problemas de desigualdade social, pobreza, ignorância, doenças, desarmonias, fome, guerras, preconceitos, intolerâncias, ganâncias e as demais mazelas da humanidade estiverem superadas. Ou seja, quando, pela educação, TODOS forem virtuosos. Por isso é que se tem que lutar para que a educação cumpra esse papel de promover a evolução civilizatória da humanidade, extinguindo o egoísmo, a cobiça, a intolerância, a ganância, a esperteza, a vilania, a desonestidade, a competição, a vontade de poder, a crueldade. Em suma, formando um novo ser humano, o verdadeiro "Übermensch" e não o que Nietzsche imaginava que deveria ser. Isso é perfeitamente possível e deve começar já, para que seja alcançado em alguns séculos e não milênios. É preciso que a educação do caráter, da sensibilidade, o aprimoramento da inteligência sejam colocados como itens prioritários do processo educativo, acima da aquisição de conhecimentos e do desenvolvimento de habilidades e competências, o que não acontece hoje. Que o ENEM, por exemplo, tenha pontuação para a qualidade do caráter, a demonstração de virtudes, o grau de inteligência e de sensibilidade, além, também, do domínio de conhecimentos, de habilidades e de competências gnoseológicas, técnicas e artísticas.
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