quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Comente sobre essa citação: "Eu não confio em gente que não tem ciume. Eu acho que quem não tem ciume não tem vínculo afetivo verdadeiro, é falso, mentiroso e na verdade verdade não é capaz de ter paixão ou se envolver com ninguém. " Luiz F. Pondé.

Discordo total e veementemente. Ele fala por si. Não pode generalizar. A ausência de ciúme não significa, em absoluto, falta de amor. Pelo contrário, quando se ama verdadeiramente, se quer o bem, a liberdade, a felicidade do ser amado. Não se quer a sua posse, o seu controle, a sua submissão. Claro que não se se alegra com o fato de não ser correspondido, mas isso não diminui o amor. Nem tampouco, sendo correspondido, saber que a pessoa amada também ama a outrem. Estou falando de amor erótico-romântico. Não vejo que se precise exigir, e nem desejar, exclusividade na correspondência do amor que se dedica e nem que se dedique menos amor a alguém se também se dedica a outrem. Essa noção de exclusividade não é uma característica da espécie humana e sim uma feição cultural que foi implementada por razões econômicas, considerando que, historicamente, o homem fez o papel de provedor e, não havendo métodos contraceptivos, os relacionamentos sexuais, que normalmente se seguem aos amorosos, acabavam levando à gravidez e o marido não achava válido ser o provedor de filhos de outros homens. Mas se se considera, em primeiro lugar, que amor e sexo, modernamente, são desacoplados da paternidade e que o homem não é provedor nenhum, sendo o provimento dividido entre homens e mulheres e, mais ainda, numa concepção de pluralismo amoroso consentido, toda e qualquer pretensa razão justificativa de algum ciúme não se sustenta. Portanto fica-se com a total liberdade de se amar a quem e a quantos se queira, todos cientes, de acordo e felizes com a situação.

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