terça-feira, 15 de maio de 2018

Quando alguém afirma não haver Deus ou não haver verdade absoluta (o que em essência é realmente a mesma coisa), o máximo pode dizer racional e logicamente é “Com o conhecimento limitado que eu tenho, eu não acredito que exista um Deus”. Mas acaso tu conheces o universo inteiro para afirmar isso?

Para começar, não há vinculo entre as afirmações "Não existe Deus" e "Não existe verdade absoluta". São completamente disjuntas. Porque Deus seria uma entidade, enquanto verdade é uma propriedade. Propriedade dos juízos e de suas correspondentes proposições linguísticas. A existência ou não de Deus é uma questão factual particular. Equivale à verificação da veracidade da proposição: "existe realmente um ser cujas propriedades são aquelas que se atribuem ao conceito do que seja um Deus". A existência ou não da verdade é de ordem genérica. Para começar "verdade absoluta" é, simplesmente, verdade. Ou seja a adequação entre a realidade e o que se diz a respeito dela. Portanto é uma propriedade dos juízos e proposições a ser verificada, caso a caso, pela comparação com o testemunho factual da realidade. Dizer que não existe "verdade absoluta", é dizer que seja impossível se emitir qualquer juízo, a respeito do que quer que seja, que esteja de acordo com a realidade dos fatos. Ora, isso é, sem sombra de dúvida, uma rematada asnice. O que acontece com a verdade é que, de modo geral, nossos sentidos, mesmo quando auxiliados por instrumentos, não são garantidamente fiéis à realidade, em razão das inúmeras ilusões sensoriais de que somos vítimas. Portanto as afirmativas que fazemos sempre devem ser admitidas com cautelas e sempre estar em constante verificação para se aceitar sua veracidade, sempre provisória, até que algo mostre sua falsidade. Assim, mesmo que algo seja dito absolutamente verdadeiro, não se pode garantir. Mesmo quando a veracidade é fundamentada em raciocínios lógicos de patente validade, isso não garante a veracidade das conclusões, já que elas não dependem apenas da validade do raciocínio, mas também, da veracidade das premissas, que, em última análise, repousa em conferências observacionais (experimentais ou não). A questão da admissibilidade da existência de deuses se prende ao fato de que, dentro do conceito geral do que seria algo que pudesse ser chamando de "Deus", não se encontra nenhuma entidade de existência real que preencha. As pretensas "provas" da existência de Deus (ou deuses) são todas sofismáticas. Como também, não há evidência factual sensorialmente perceptível de que tal tipo de pretenso ser exista, a hipótese a ser acatada, de pronto, é a de que não existe ser que corresponda ao conceito de tal ente. Não é, absolutamente, necessário ter conhecimento do Universo Inteiro para fazer essa afirmativa. Como sempre, ela tem que ser assumida como uma convicção e jamais uma certeza (o que, aliás, é muito difícil de se ter a respeito do que quer que seja). E, como toda convicção, tem que ser admitida sempre como provisória, até que fatos possam rever o seu caráter veritativo e, assim, ela ser revista.

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