De forma nenhuma. Exatamente por saber que minha vida se restringe ao intervalo entre o nascimento e a morte e nada mais, dou um valor preciosíssimo a ela, pois é uma singularidade única que preciso aproveitar e tornar significativa, pois é um brinde que não me será mais concedido. Preciso fazer com que o fato de eu ter existido tenha sido motivo para que o mundo tenha ficado melhor, para que o mal tenha diminuído e o bem aumentado porque eu existi. A noção clara de que a morte é como uma anestesia definitiva, que, com ela minha consciência desaparecerá definitivamente, bem como minhas memórias, meus afetos, minhas crenças, todo o meu eu, é algo que me traz uma imensa paz interior e um completo destemor da morte. O único receio que tenho é pelo sofrimento físico que pode precedê-la. A matéria orgânica em decomposição não é mais eu. Eu terei deixado de existir, como entidade, mas serei perpetuado em minha descendência, que carregará os meus genes pelas gerações afora, enquanto houver vida, mesmo que nas outras diversas espécies que nos sucederão ao longo das centenas de milhões de anos ainda restantes para a Terra, bem como na memória das outras pessoas e nos registros históricos de minha passagem pelo mundo: nas obras que deixei e em tudo o que fiz.
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Um comentário:
"Há mais mistérios entre o céu e a terra, do que sonha nossa vã filosofia." (Shakespeare)
Gostei do teu texto, mesmo não concordando, creio que tu foi astuto na argumentação.
Convido-o a visitar meu blog...
Amplexos,
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