sexta-feira, 9 de junho de 2017

Falando sobre anarquismo, por mais que pense, não vejo como se viveria sem dinheiro. Citemos, por ex. os médicos, profissionais que precisam estudar mais tempo, passam noites em claro não recebendo nada por isto? Não acabariam ou diminuiriam drasticamente certas profissões que exijam tanto desgaste?

Numa situação anarquista e comunista ideal, isto é, sem propriedade, sem dinheiro, sem governo, a economia é uma economia de doação. Não é de escambo. Não há trocas. Tudo o que se produz e se faz é doado à coletividade e a coletividade provê a todos de tudo o que for preciso. Não estou me referindo a uma situação de vida frugal. Estou considerando uma sociedade sofisticada, com todo o conforto para todos, com nível elevadíssimo de cultura. Então ninguém seria privado de nada e ninguém teria nada a mais nem a menos por ter qualquer tipo de atuação. O que regularia seria a carência ou a sobra de uma ou outra atividade. Como no mercado, só que um mercado não financeiro. Havendo falta de médicos, pessoas se dedicariam a aprender medicina, senão as doenças não seriam debeladas. Há que se considerar que a anarquia comunista é uma situação a ser atingida por evolução civilizatória, ou seja, por uma conscientização de todos da necessidade de se dedicarem uns aos outros sem preguiça e nem cobiça. Por isso é que não será atingida em um prazo menor do que vários séculos ou alguns milênios. Mas essa é a tendência natural da humanidade, como se pode observar se se comparar o mundo de hoje com o mundo de mil, dois mil, três mil, quatro mil anos atrás. A democracia já é um meio caminho para a anarquia. As liberdades só têm crescido no mundo. Do mesmo modo que o nível educacional e a saúde, a expectativa de vida, a renda per capita e a maioria dos indicadores de nível de bem estar. Uns países estão bem à frente, como os escandinavos, a Suíça, a Áustria, a Holanda, a Bélgica, Cingapura, Coréia do Sul, Japão. Outros estão bem atrasados em alguns aspectos, como a maior parte da África, os países árabes que, mesmo ricos, ainda são patriarcais. Mas tudo isso tem melhorado. Um fator crítico a ser abolido são as religiões. Elas atrapalham muito o progresso e a elevação do nível cultural da humanidade. É uma pena que ainda existam. Um mundo sem religiões seria muito mais fraterno, muito mais benevolente, muito mais tolerante, muito mais pacífico, muito mais progressista, muito mais caridoso, muito mais feliz. O que é preciso é um grande esforço educativo para que as pessoas não sejam desonestas nem criminosas e se possa abolir a existência da polícia, dos advogados, dos juízes, dos exércitos, tudo isso por não haver necessidade de seus serviços. Quando se passarem mais de cem anos sem que nenhum crime, nenhuma trapaça, nenhum conflito tenha acontecido na humanidade, essas ocupações desaparecerão naturalmente. Elas são um atestado da falta de civilização da humanidade. O segredo é um só: educação. Insistente, persistente, paciente. Por anos, décadas, séculos, milênios a fio. Sem esmorecimento. Então se chegará lá. E a humanidade poderá viver o resto de seus milhões da anos na Terra até que seja substituída pelas novas espécies que a evolução trará.

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