quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Por quê, antigamente, as escolas públicas eram as melhores e a situação se inverteu? Quando foi que ocorreu este processo?

Até a reforma de 1968, o ensino ginasial e colegial (clássico e científico), nas escolas públicas, era elitista, em razão da existência de poucas vagas e do "Exame de Admissão ao Ginásio". Com a abolição dos Cursos Primário e Ginasial e sua fusão no Primeiro Grau, sem exame para progredir da quarta para a quinta séries e com a grande ampliação de vagas que se deu, todos puderam ter acesso ao anteriormente denominado "Ginásio". Isso fez com que o nível médio de capacidade de aprendizado dos alunos das séries finais do primeiro grau (antigo ginasial) se tornasse mais baixo, provocando muita reprovação e gerando uma imensa pressão, apoiada pelos políticos, para diminuir o nível de exigência nas avaliações, o que acarretou numa grande diminuição da qualidade acadêmica dos que completavam o primeiro grau e se dirigiam para o segundo grau. Neste, com uma clientela menos bem preparada, por sua vez, também se deu a pressão pela redução da exigência nas avaliações, com a consequente queda do nível. Além disso, essa ampliação de vagas (em si uma ótima medida) exigiu a contratação de muito mais professores o que fez com que os salários passassem a ser corrigidos abaixo da inflação, desestimulando as melhores cabeças a seguir a carreira do magistério público do primeiro e do segundo graus. Depois houve outra reforma, com a mudança da nomenclatura para Ensino Fundamental e Ensino Médio, mas a situação da qualidade não se alterou. As escolas particulares que, antes de 1968 acolhiam os alunos que não lograssem aprovação no exame de admissão ao ginásio e que, portanto, eram mais fracos, mas eram aprovados devido à baixa exigência, segundo o esquema "pagou, passou", se converteram nas que podiam, por não ter pressão política para manter poucas reprovações, desenvolver um ensino mais puxado, promovendo uma concorrência entre elas pela apresentação de maiores índices da aprovação nos vestibulares para os cursos superiores. É o que está prevalecendo hoje, ainda, com algumas exceções.

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