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Não existe uma distinção precisa entre amor e amizade. Passa-se de modo contínuo de uma amizade, eu diria, asséptica para uma amizade amorosa, para um amor romântico e para um amor erótico, sem rupturas bruscas. Cada uma dessas situações engloba as anteriores. Isso pode acontecer entre pessoas do mesmo sexo ou de sexos diferentes. Como sou heterossexual, só vou considerar esse caso. Mas, tanto entre heterossexuais quanto entre homossexuais, pode haver o que eu chamei de amizade asséptica, isto é, que não envolve contato físico, tanto entre pessoas do mesmo sexo quanto de sexos opostos. Essa amizade se caracteriza por uma convergência de interesses, de concepções de mundo, por uma admiração recíproca, pela curtição da companhia, da conversa, de atividades conjuntas e coisas assim. Mas não envolve uma emoção romântica, o desejo de toque.
A amizade amorosa vai um pouco além por envolver um querer bem, um desejo da felicidade do(a) amigo(a), um cuidado com ele(a), uma dedicação maior a atender os seus desejos, mas, ainda, sem o romantismo amoroso. O amor romântico, além disso, é muito emocional e envolve uma ternura especial pela pessoa amada, um desejo de contato físico, mesmo sem sexo, ou seja, beijos, abraços e carinhos, com o contato da pele. E provoca palpitação cardíaca, sudorese, bambeira nas pernas, suspiros, saudade intensa e tristeza pela privação da companhia. Em suma, é o namoro. Nada há nessa atitude que exclua a amizade como admiração e curtição da companhia, do prazer de fazer coisas junto. Não é preciso que os namorados estejam o tempo todo namorando. Também podem estar fazendo outras coisas e, sendo namorados, com muito mais prazer ainda.
Finalmente temos o amor erótico, que envolver o contato sexual. Certamente que incluindo tudo o mais. Não é o sexo apenas pelo sexo. Isso pode haver também, mas não é o caso que eu estou considerando. Estou considerando o sexo no contexto do amor. Assim, cada um quer dar ao outro o máximo prazer sexual e se esmera para agradar o(a) amado(a) antes de si mesmo. Fazendo do sexo uma doação, por incrível que pareça, mais prazer ainda se consegue fruir dele. E, novamente, não há porque, então, quando acontece o sexo, a amizade ser excluída. Nesse estágio é que se atinge a máxima beatitude amorosa: sexo, romance e amizade. Nada há de mais ditoso na vida. Realizar-se plenamente no amor é o maior fator de felicidade que pode haver.
Mas é preciso um grande cuidado em não deixar acontecer o sentimento de posse. Uma condição essencial para o verdadeiro amor é que ele tem que ser inteiramente livre. Jamais existe amor por coação. Não se pode exigir reciprocidade no amor. Não se pode cobrar nada. Tem-se que deixar o(a) amado(a) livre para nos amar ou não. E, mesmo, para amar outros, além de nós. Ciúme é o carrasco do amor. Só existe amor livre. Qualquer coisa que condicione o amor faz com que ele deixe de ser amor.
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