terça-feira, 29 de janeiro de 2013

A impermanência implica o não-eu?

Não. Primeiro que a permanência não existe. Tudo está sempre mudando ou, pelo menos, não tem garantia de não mudar. Em verdade, fatalmente, mudará, mesmo que permaneça um bom tempo imutável (da ordem de centenas de bilhões de anos). A essência de um ser não é o que ele é, mas o que "está sendo". Nada "é", exceto YHWH, mas este, não existe. Um ser só continua sendo ele mesmo por causa de sua continuidade histórica ao longo do tempo. Se esse ser é uma pessoa, que possui um "eu", esse eu continua sendo o mesmo ao longo do tempo, apesar da pessoa estar sempre mudando, porque, historicamente, é ele mesmo continuamente transformado. O que você é neste momento não é o mesmo que você era há um ano. Mas continua sendo você porque, é aquele que era que foi se transformando paulatinamente. Só poderia haver uma ruptura do "eu" se você fosse submetido a uma drástica alteração da personalidade por motivo de alguma lesão cerebral, uma amnésia definitiva ou algo trágico assim. Da mesma forma que um ser inanimado pode deixar de existir e sua substância passar a constituir outro ser, no caso de mudanças radicais, como, por exemplo, uma combustão. Mas há mudanças graduais que não se configuram em mudanças essenciais e, portanto, o ser continua a ser o mesmo.

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