domingo, 23 de fevereiro de 2014

Em sua opinião, as compras de horários na TV aberta para programas religiosos feitas por pastores e grupos poderosos representam algum perigo para o desenvolvimento intelectual do povo, ou no mínimo um atravancamento da democracia?

Não vejo que seja um atravancamento da democracia, pois a democracia é, exatamente, a liberdade de expressão de todas as correntes de opinião e pensamento. Portanto todas as crenças podem se expressar, desde que não firam nenhum direito essencial da pessoa humana, isto é, que não propaguem nenhuma intolerância e nenhum preconceito contra quem seja diferente do seu modo de ser e de pensar. Exceto se essa diferença se configurar em preconceito e intolerância. Ou seja, não se pode tolerar a intolerância e nem o preconceito. No mais, há liberdade de culto e de proselitismo. Quanto a representar um perigo para o desenvolvimento intelectual, pode mesmo. Porque muitas confissões religiosas propagam um antolhamento ideológico, isto é, impedem o livre pensamento por considerá-lo nocivo a seus desígnios, que são de uma adesão incondicional e inquestionável a seus dogmas. Isso, apesar de não se configurar em crime de intolerância ou preconceito, é também nocivo. Deveria ser um tipo de crime semelhante, tolher a livre investigação e a livre busca do conhecimento, sem barreiras ideológicas de qualquer espécie. E as religiões levantam essas barreiras. Isso é muito perigoso e deveria ser objeto de um trabalho educativo nas escolas, como parte dos temas transversais, de abordagem obrigatória e curricular, como deveriam também ser todos os outros tópicos dos temas transversais e não o são.

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