quarta-feira, 6 de fevereiro de 2013

O Senhor acredita no mal ou ele é apenas uma constante da desinteligência humana?

Não é uma questão de acreditar. É só constatar. Só que mal não é uma entidade. É uma qualidade das ações. A qualidade de provocar dor, prejuízo, sofrimento, tristeza, infelicidade e coisas ruins desse tipo. Mal pode até ser a qualidade de uma ação involuntária ou feita por entes inanimados como as catástrofes naturais ou por seres desprovidos de consciência como muitos animais. Uma ação pode ser má por seu efeito mas não possuir eticamente o caráter de maldade. O caráter eticamente mau de alguma ação só pode ser imputado se seu agente for consciente, estiver de pleno gozo de suas faculdades mentais e provido de total liberdade de ação. Uma ação de resultado mau não pode ser imputada como uma maldade se for feita por coação. Além disso, maldade, mesmo quando sabida e consentida, não é sinal de falta de inteligência. Pelo contrário, quanto mais inteligente for o agente, mais malvado ele é capaz de ser. O caráter bom ou mau de alguém independe de sua inteligência. Maior inteligência também não implica em ser mais bondoso. Finalmente, a maldade não é uma constante. Pelo contrário, ela é até menos frequente do que a bondade. Mesmo pessoas de maldade contumaz passam mais tempo sem fazer maldade do que fazendo. E podem, até, fazer alguma bondade. Como pessoas tidas por bondosas podem fazer maldades. Finalmente, discordando de Agostinho de Hipona, mal não é apenas a ausência do bem. Isso é a neutralidade. Mal é algo positivamente intentado para causar alguma ruindade. Uma ação que não seja boa não é necessariamente má. Pode ser neutra.

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