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terça-feira, 19 de março de 2013
De onde vem a insatisfação constante do ser humano?
Para começar, ela não é constante nem universal. Há pessoas plenamente satisfeitas com sua vida e, mesmo os que não são plenamente, há momentos em que estão satisfeitos. Isso dito, cabe considerar a insatisfação, que acontece muito. A razão é a não realização dos desejos. Qual a solução? Os budistas pregam a extinção dos desejos. Discordo! Desejo é uma coisa boa e são eles que movem o mundo a se transformar, para ser cada vez melhor para todos e possibilitar o atendimento de cada vez mais desejos. Todavia ainda restam muitos não atendidos. O que fazer? Duas coisas. Avaliem-se as impossibilidades de realização deles. Se elas forem incontornáveis, há que se mudar o objeto de desejo, senão não se supera o sofrimento. Mas isso é relativo. Muito do que se pensa ser incontornável, pode ser contornado, desde que se disponha a ter trabalho e, principalmente, a arrostar a oposição da sociedade. Esse é o ponto que quero frisar. Muita insatisfação na vida se deve à falta de coragem de contrariar a sociedade e fazer o que se quer abertamente. Desde que, é claro, isso não prejudique a ninguém. Mas se for "apenas" socialmente condenado, que se mande a sociedade às favas e se seja feliz. Mas é bom, também, não colocar os desejos no que não se possa obter, nem arrostando a sociedade, especialmente em bens materiais. Se os desejos forem colocados em realizações pessoais, em relacionamentos humanos, na curtição de prazeres acessíveis, mesmo que com trabalho, não se terá muitos desapontamentos, principalmente se, também, não se depender das ações dos outros para tal. Nisso se atinge o que chamo de síntese dialética do epicurismo com o estoicismo, que, para mim, é a solução para a felicidade. Mas um pouco de insatisfação é sempre bom para incentivar a luta pela melhoria do mundo.
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