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sábado, 23 de março de 2013
"Instigar aquilo do que você gosta contra o que você não gosta - Essa é a doença da mente" Seng Ts'an; Mestre Ch'an (Zen) Ernesto, qual sua opinião sobre essa frase e o Zen em geral?
Não acho que isso seja uma doença, pelo contrário, é interessantíssimo. Adoro exatamente esse tipo de coisa. Controvérsias filosóficas. Elas são estimulantes, colocam a mente para pensar e descobrir argumentos prós e contra. Acho que é justamente com esse tipo de atividade que se aperfeiçoa o mundo. Para mim todo mundo deveria ter uma excelente educação filosófica e aprender gramática, redação, dialética e retórica, além de matemática, ciências, artes, técnicas, cultura e atividades físicas. A meditação budista, em que se busca esvaziar a mente, para mim, não é uma boa coisa. A meditação monástica ocidental, em que, pelo contrário, a mente se concentra em um assunto e o esgota, para mim, é melhor. De vez em quando é bom meditar à moda budista, mas na minoria das vezes. O cerne do Zen é a apreensão da realidade sem palavras. Acho isso interessante. Só não gosto de rituais. Acho que tudo tem que ser espontâneo. Mas gosto de contemplar a natureza e me deixar penetrar por sensações sem palavras. Aliás, vejo que a maior parte de tudo o que o nosso cérebro faz, o faz sem palavras. Mas as palavras são necessárias para uma comunicação sem contato direto. Então é mister dominar o seu uso. Todavia, sempre que algo puder ser dito sem palavras, é mais bem dito. Mas não é nada espiritual, no sentido de transnatural. São as visões dos gestos, dos olhares, dos sorrisos, a audição dos murmúrios, da respiração, a aspiração dos perfumes e todos os odores. Essas comunicações, que os animais fazem o maior uso, precisam ser desenvolvidas nas pessoas. Mas as palavras também têm a sua vez.
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