sábado, 23 de março de 2013

Você acha o ensino de história e geografia no Brasil ainda eurocêntrico? Se sim, o quão isso pode ser ruim?

Sim, extremamente. Isso é um grande defeito. Não se estuda a China, a Índia, o resto do Extremo Oriente, o Oriente Médio, a África. Só Europa e Américas. Assim a pessoa fica com uma visão distorcida do mundo. Mesmo a América Pré-Colombiana não é estudada. É preciso, também, ver, talvez em História, Antropologia e Pré-História. E se fazer um cotejo temporal-espacial, isto é, comparar o que está acontecendo em uma dada época nos vários lugares do mundo, estudando as influências recíprocas. Mesmo dentro da Europa, por exemplo, se estuda o feudalismo francês e o Ancient Règime como se fosse a regra geral na Idade Média e Moderna, esquecendo que, nos outros países, foi diferente. A Rússia, por exemplo, quase não é estudada. E ainda se tem a visão equivocada que História é só História Política. Deixam-se de lado os aspectos cotidianos da vida, a cultura, a ciência, às vezes até a economia. Só se quer saber de guerras, de imperadores, e esse tipo de assunto. Em Geografia é o mesmo. Principalmente a Geografia Física (Geociências) é deixada totalmente de lado, bem como a Astronomia. Quando eu fiz o meu ginásio e científico, nos anos 60, em Geografia eu estudei Astronomia, Geologia, Oceanografia, Hidrografia, Cartografia e, até, Meteorologia, de modo introdutório. Naquele tempo nós tínhamos menos aulas por semana e estudávamos mais coisas. Não entendo como hoje se leva tanto tempo para se aprender tão pouco. Afinal a Pedagogia e a Didática estão aí, justamente, para tornar o aprendizado mais eficiente e eficaz. Mas parece que está acontecendo o oposto. O problema, para mim, é a frouxidão das exigências. Aperta que a meninada acompanha.

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