domingo, 17 de maio de 2015

Estou lendo o livro "Convite à Filosofia" e, em certo momento a autora fala: "(...)O cético é, afinal, aquele que, no fundo, deseja uma razão absoluta (impossível) e por isso despreza a razão humana tal como ela existe, pois da forma como ela existe, ele, o cético, não pode conhecê-la." Concorda?‎

Não. Ela está com uma noção equivocada de ceticismo. O cético não deseja razão absoluta para nada e nem é incapaz de conhecer a razão humana tal qual é. Ele é, justamente, o arquétipo do filósofo. Não há como ser filósofo sem ser cético. Sabendo, justamente, como a razão humana é imperfeita, justamente por isso, o cético duvida. Não só da razão, mas dos sentidos, pois o conhecimento é construído pelo cérebro a partir do que os sentidos o municiam e sobre o que ele elabora com base nessas informações. Ora, tanto os sentidos quanto o raciocínio podem falhar e não se sabe quando é que estão falhos. Daí a necessidade incontornável de se duvidar, para, justamente, envidar esforços no sentido de se esclarecer, levando toda explicação a se aproximar assintoticamente cada vez mais da verdade.

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