Criar é um processo mental de associação de imagens já percebidas, não só visuais, mas auditivas ou de qualquer outro sentido. Toda criação tem por base o que foi percebido e, portanto, já existe. Mas a mente modifica e elabora, produzindo um resultado que, da forma como se apresenta, é inédito. Assim pode-se dizer que houve criação. O que não existe é a invenção de algo completamente diferente de tudo que a mente já tenha percebido. Isto não é possível. Por mais esdrúxulo que seja uma concepção, ela se fundamenta no que já se percebeu. Isto é o que se chama de "empirismo", ou seja, a concepção, para mim correta, de que o conteúdo da mente é o que os sentidos lá colocaram, a partir do que, a mente elaborou associações e novos produtos. A concepção da existência de Deus, por exemplo. Mesmo sendo algo que não existe, seu conceito tem por base dados sensoriais. O homem primitivo sempre viu que ações eram produzidas por agentes pessoais ou naturais. Quando estes não eram identificados (trovões, chuvas, morte e outros) o homem inventou um ser invisível que os provocava. Atribuiu a este ser as mesmas características de si. Isto é, Deus foi feito à imagem e semelhança do homem. Da mesma forma outros seres imaginários, como anjos, demônios e espíritos em geral. Pode-se dizer que "nada se cria, tudo se copia". Mas, na verdade, a cópia pode ser totalmente reformulada e mesclada com outras coisas inteiramente distintas. Isto pode ser chamado de "criação".
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