sexta-feira, 12 de novembro de 2010

Por ser um procurador de verdades,sei que muitos trabalhos e pesquisas científicas,são manipuladas,com interesses socioeconomicosPara achar a verdade empírica,tento por meio de estudo e pesquisa embasados também na filosofia achar respostas. Isso é certo?

É só o que é certo. A busca da verdade, isto é, de qual descrição da realidade lhe seja correspondente, tem um quê de arbitrariedade, pois não se tem a apreensão da própria realidade, mas de representações que são feitas dela. O conhecimento é uma representação da realidade, um modelo, como a planta de uma edificação. Nesse modelo são feitas certas suposições e as coisas são definidas de acordo com a percepção de quem as define. Aos trancos e barrancos vai sendo construído o edifício do conhecimento, com idas e vindas, com reformulações e correções. As vistas podem se dar em vários níveis. O mais profundo é a realidade básica dos campos, das partículas elementares, da radiação e das interações fundamentais, bem como do espaço e do tempo em que tudo ocorre. Acima deste, está o nível dos átomos, das moléculas, das ligações químicas. Depois vem a matéria em bloco, os agregados, os corpos e seus movimentos e interações. Por enquanto estamos no campo da Física e da Química, que são as ciências mais básicas, se bem que a Química é vista mais como uma ciência prática. A partir daí o nível da realidade se bifurca, por um lado para os grandes agregados, cada vez mais amplos, planetas, estrelas, galáxias, aglomerados de galáxias e o Universo inteiro. Ou seja, a geologia, a astronomia, a cosmologia. Outra ramificação é a que se refere à vida, e nela também temos os níveis da bioquímica celular, das células, dos tecidos, dos órgãos, dos sistemas, dos organismos. Acima do biológico temos o psíquico, o social, o político, o econômico. Em cada um desses níveis a realidade é visualizada com suas descrições peculiares. A concepção reducionista considera que a explicação de cada nível da realidade se fundamenta nos níveis mais baixos que o suportam. As concepções holísticas e emergentes já acham que, em cada nível, há ocorrências que não se reduzem aos níveis mais profundos. Todavia não resta dúvida de que um nível só existe se todos os outros que lhe são inferiores existirem. Ou seja, não há política nem economia sem sociedade, não há sociedade sem pessoas, não há pessoas sem organismos, não há organismos sem células, não há células sem moléculas, não há moléculas sem partículas elementares. Então, forçosamente, o comportamento econômico deve provir do comportamento das partículas elementares da natureza. Mas não de uma forma simplificadamente linear e sim com termos produtos de potências mais elevadas e retroalimentações. Assim considerando, o holismo e a emergência podem ser enquadrados dentro do reducionismo.
A questão do empirismo não pode ser considerada de forma exclusivista. Se bem que o critério de verdade científica é tido como o da vitória sobre todo e qualquer falseamento, isto feito mediante testes que, em última análise, baseiam-se em evidências ou em corolários lógicos de evidências, nem tudo é passível de se submeter a um teste de falseamento e, nem por isso, deva ser rejeitado como episteme. A filosofia, de modo geral, mas também a psicologia, a sociologia e a economia, possuem proposições impossíveis de serem falseadas científicamente, daí o seu estatuto não científico. Isto não significa que não sejam disciplinas válidas, apesar de possuírem a figura das "escolas de pensamento", simultaneamente discordantes, o que lhes tira um estatuto de maior credibilidade. Mas há meios puramente racionais de se argumentar, com base em reflexões a partir da observação de ocorrências, mesmo impossíveis de serem testadas empiricamente, que podem levar à decisão sobre que vertente de pensamento deve corresponder com maior aderência à verdade.
Tal modo de proceder, para mim, é o único aceitável, com a rejeição de todo argumento de autoridade, por mais crível que ela possa ser. É o que acontece com as ditas "verdades religiosas", aceitas como emanadas do próprio Deus. Nem nesse caso elas seriam dispensadas de verificação e reflexão sobre sua plausibilidade.

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