domingo, 17 de março de 2013

Professor, o senhor acha que a filosofia deve ser feita de modo completamente imparcial?

Sim, no sentido em que não busque se adequar a qualquer escola, mas procure abordar todos os temas de modo a buscar a descrição correta e que tenha maior aderência à realidade. Por isso não simpatizo com filósofos que se alinham a uma ou outra escola, mas com os que sejam abertos a todas as possibilidades e acolham as colaborações de qualquer escola naquilo em que ela seja a mais verdadeira descrição da realidade. Todavia há uma parcialidade: a de ficar do lado da verdade e, dentro da verdade, do bem. Mesmo que não se possa garantir qual seja a verdade, o compromisso tem que ser em buscá-la sempre, mesmo que isso contrarie convicções arraigadas. Por essa razão, também, não posso aceitar nenhum dogma religioso ou ideológico de qualquer natureza. Todos os dogmas partem do pressuposto de que haja algo que seja aprioristicamente verdadeiro. Isso se dá, não só com as religiões, mas até com o marxismo, por exemplo. O verdadeiro filósofo tem que ser um livre pensador cético, inclusive em relação ao próprio ceticismo. E totalmente imparcial, a ponto de admitir, inclusive, assertivas que contrariem seus pressupostos básicos, se ficar provado que sejam verdadeiras.

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