terça-feira, 30 de agosto de 2011

E vc considera real alguma evidência da não existência de Deus ? Concorda que a negação de Deus normalmente tem um componente emocional ainda mais forte que a afirmação ?

Muito pelo contrário! A negação de Deus, exceto para os ateístas dogmáticos e exaltados, que militam as hostes inimigas das religiões, muitas vezes por outras razões, é uma atitude de serenidade e fruto de reflexões extremamente ponderadas e, mesmo, de uma conclusão haurida de embates angustiantes de consciência, até que se atinge essa aceitação libertadora e liberadora de um sentimento de paz reconfortante. Não existem nem evidências nem comprovações da inexistência de Deus, da mesma forma que não as há da existência. Mas os indícios a favor da inexistência são maiores e, por eles, é tranquilo optar pelo ateísmo, na modalidade cética, que é a minha. Senão vejamos:
1. A suposição da existência de Deus busca explicar uma série de fenômenos inexplicáveis da natureza. Ora, a história mostra que, ao longo do tempo, cada vez mais desses fenômenos obtiveram uma explicação puramente natural. Isto faz supor, é claro que sem garantia, de que, algum dia, tudo poderá ser explicado de modo puramente natural, dispensando a noção de Deus.
2. A crença em Deus também se fundamenta no atendimento de orações, promessas e súplicas, bem como na realização de milagres, como fruto dessas súplicas. Ora, a proporção de atendimento de orações e súplicas é muito inferior à de não atendimento, o que leva a considerar o atendimento correlacionado com o pedido como uma coincidência. Porque também há curas sem orações. E todos os ditos milagres podem muito bem serem explicados por razões puramente naturais, mesmo que excepcionais. Além disso, nenhum milagre de fato, nunca ocorreu, como o nascimento de um membro amputado ou a ressurreição de um morto, por exemplo.
3. Outro suporte para a existência de Deus é o seu papel como juiz para condenar ou premiar os maus e os bons na vida eterna, por sua conduta na Terra. Ora, não há indício nenhum da sobrevivência da consciência em alguma alma após a morte do corpo. Logo não há garantia nenhuma de que haja prêmio ou castigo por nada que se faça nesta vida, em outra vida. É preciso que a própria sociedade se incumba de erradicar o mal por ser nefasto à própria existência da sociedade, sem confiar em justiça divina nenhuma.
4. Há grandes contradições entre os atributos considerados pertinentes à divindade, como onipotência, onisciência e benevolência, por exemplo. A própria existência do mal, desde Epicuro, já está mostrada que é incompatível com a benevolência de Deus que, ou não existe, o, se existe, é malévolo.
5. A onisciência divina torna o Universo completamente determinista, o que contraria os fatos observados, especialmente no nível quântico, que asseguram a possibilidade de liberdade de escolha e não a existência de algum "destino" incontornável.
6. Como seria possível existir um criador do Universo fora do Universo se o Universo é o conjunto de tudo o que existe? Então Deus já teria que ser parte do Universo ou o Universo mesmo. E só pode ser onipotente se for eterno. Portanto o Universo não pode ter tido um começo e parece que teve, até mesmo segundo textos religiosos.
Outros argumentos existem que eu posso levantar e apresentar aqui. Por ora apresento esses.

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