segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Tenho uma pergunta. Acredito em Deus, mas estou me questionando sobre isso ultimamente. Entou em um dilema interno. Então, minha pergunta é: se Deus não existe, por que essa "mentira" sobreviveu por tantos milhares de anos?

Natália. A crença em Deus, mesmo sendo irracional e sem sustentação em evidências, preenche três necessidades humanas fundamentais. A primeira é ter uma explicação para a existência do mundo, da vida e de nós mesmos. Os mitos, depois transformados em doutrinas religiosas, atendem a isso de modo a apaziguar as dúvidas. Outra é ter alguma entidade mágica a que recorrer para resolver os problemas que estão fora do alcance das pessoas, como cura de doenças, por exemplo. E a terceira é contar com um juiz que possa punir o mal e premiar o bem, para que a justiça que não se consegue fazer na Terra, finalmente o seja na outra vida. Esses anseios são muito fortes e saber que nada disso existe, que não há razão nem propósito para a nossa existência, que não existem milagres e orações não valem para nada, que quem fizer muito mal e não for pego vai levar vantagem e ficar por isso mesmo, tudo isso é muito desconcertante e leva a uma grande frustração. Então, mesmo quem duvida, agarra-se às crenças religiosas como uma tábua de salvação, resistindo a entregar os pontos e admitir seu ateísmo. Chegar a tal decisão é um parto difícil e requer muita segurança em si mesmo, muita independência de personalidade e um caráter a toda prova, para entender que fazer o bem e conduzir-se eticamente é algo que se tem que abraçar sem recompensa nenhuma e sem punição eterna nenhuma, caso opte pelo oposto.
Outro ponto importante na manutenção das crenças religiosas é que os detentores do poder político, militar e religioso se uniram, ao longo da história, para, por meio da religião, manter o povo submisso a seus desígnios de dominação, servindo-os até voluntariamente, pensando assim estar agradando à divindade e garantindo sua salvação eterna. Por isso os mandatários nunca permitiram o livre curso das investigações científicas e filosóficas e nem a educação generalizada do povo, exceto das classes que se beneficiavam com a crendice popular. Mesmo que isso já não aconteça tanto, ainda existem, em muitos lugares, restrições à difusão do conhecimento para certas parcelas da polulação, como mulheres, ou ao estudo de certos temas, como a Teoria da Evolução e outros casos. Para mim, eu coloquei como uma das coisas que dá significado à minha vida, exatamente, levantar esse véu de ignorância e permitir que todas as mentes sejam ventiladas pelo vento fresco do livre pensamento e se instruam o suficiente para decidir por si mesmas, sem pressões de familiares e nem do grupo social, se aderem ou não a tal ou qual crença religiosa. Convido-a a visitar os meus blogs e, na caixa de busca, colocar palavras como ateísmo, Deus e outra relacionadas e ver tudo o que já escrevi a respeito:
www.ruckert.pro.br/blog
wolfedler.blogspot.com

Ask me anything (pergunte-me o que quiser)

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