domingo, 17 de março de 2013

Ernesto, o que acha do argumento ontológico modal de Alvin Plantinga para a existência de Deus?

Não tem consistência. Veja bem: 1. "O conceito de um ser maximamente grande é auto-consistente". Não é não! Na argumentação que se pretende, isto é, provar a existência de Deus, tal ser seria entendido como individualizado, isto é, distinto do Universo. O que significa um ser maximamente grande que não seja o próprio Universo, que, por definição, é o conjunto de tudo? Não é possível que possa haver outro ser tão grande quanto o Universo não sendo ele mesmo. Porque, se houvesse, ele faria parte do Universo e, portanto, ao incluí-lo, além de todo o resto, o Universo seria maior do que ele. Não há como haver um ser do qual não possa haver nenhum que lhe seja maior, exceto o próprio Universo. 2."Assim, há, pelo menos, um mundo logicamente possível, no qual um ser maximamente grande exista". Supondo que seja possível conceber um ser assim, certamente que seria possível que tal ser existisse em algum mundo possível. 3. "Se um ser maximamente grande existe em algum mundo possível, então ele existe em qualquer mundo possível". Claro que não! Ser possível haver um ser assim (caso seja) não significa, absolutamente, que todo mundo concebível tenha que tê-lo. Pode-se, perfeitamente, conceber mundos possíveis em que tal ser não exista, sem o menor problema. Essa implicação não tem lógica nenhuma. 4. "Se um ser maximamente grande existe em qualquer mundo possível, então ele existe no mundo real". Claro, pois o mundo real é um dos possíveis, que calhou de acontecer. As outras possibilidades foram frustradas. Se todas as possibilidades possuem tal ser, a que aconteceu o possuirá. Mas, como visto, nem todas o contemplam. Em resumo, não se pode garantir que exista um ser assim somente por se poder conceber que tal tipo de ser possa existir. Além do mais, mesmo que existisse, que garantia haveria que esse ser seria o Deus conforme concebido por seus atributos. Para começar, tal ser, nesse raciocínio, seria parte do Universo. Como ele poderia ser o seu criador? Um criador tem que ser extrínseco à criatura. Veja que, na argumentação acima, os itens 1 e 3 não são válidos, enquanto os 2 e 4 o são. Mas isso invalida o argumento todo.

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