quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

Comentário sobre o aspecto informacional-holográfico da consciência

Dizer que a consciência, e mesmo toda a mente, seja holográfica é uma analogia com o fenômeno ótico, mas não completamente aderente. Na holografia ótica, cada trecho do holograma contém informação sobre a imagem completa. No caso mental um registro de memória está espalhado pelo cérebro todo, conforme o aspecto dessa memória (visual, olfativo, auditivo, tátil etc) que, ao ser recuperado, solicita a contribuição de todos esses lugares. Mas a informação não está completa em cada um deles. No caso da consciência, ela é uma espécie de percepção que o cérebro tem de seu próprio funcionamento, do mesmo modo que a auto-consciência é uma percepção que o cérebro tem do organismo todo como algo distinto do resto do universo, isto é, o "eu". Toda percepção envolve memorização, senão o cérebro não tem a continuidade da percepção. Isso é nítido na audição. Você só tem compreensão do que ouve (uma música, por exemplo), à medida que vai cotejando o que acabou de ouvir com o que está ouvindo agora. Se você só tivesse a percepção do momento presente, não entenderia o que está ouvindo. Então, a consciência, que é formada de múltiplas percepções, está espalhada pelo cérebro todo. E, de fato, trata-se de uma informação. Mas é preciso entender bem que nenhuma informação existe sem o seu registro físico. O que é, conceitualmente, uma informação, só tem existência se o seu conteúdo estiver registrado de alguma forma. No caso mental esses registros se dão pelo estabelecimento de conexões sinápticas. Elas são as marcas físicas (no caso, biológicas, mas biológicas são físicas) de tudo o que o cérebro registra. E o processamento mental, isto é, os registros e evocações de memórias, os juízos, os raciocínios, as emoções, os sentimentos, as intuições e tudo o mais, são processos de trocas de informações entre registros de memórias e de estabelecimento e desconstrução desses registros. Isso é a vida psíquica e é objeto de muito estudo neurológico, para decifrar completamente a correspondência entre um estado psíquico e um estado fisiológico do cérebro que lhe corresponda. Quando isso estiver estabelecido, se poderá escanear o cérebro e extrair o conteúdo dos pensamentos, raciocínios, sentimentos, emoções e tudo o mais. Mas ainda demora para se chegar lá.

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