quinta-feira, 23 de novembro de 2017

As ondas gravitacionais são limitadas a percorrerem velocidades iguais a da luz por possuírem energia? Mas não deveriam ter qualquer velocidade, uma vez que são ondulações do próprio espaço?

Não. A velocidade de propagação de qualquer radiação é uma consequência de dois fenômenos antagônicos: a geração do pulso e a oposição a seu deslocamento. Isso aparece nas próprias equações dos campos que "ondulam" na dita onda. No caso do eletromagnetismo, as ondas eletromagnéticas são produzidas pelas duas induções, a de um campo elétrico por um campo magnético variável e a de um campo magnético por um campo elétrico variável. Mas esses campos, através do espaço, sofrem o bloqueio da permeabilidade elétrica e da permissividade magnética do próprio vácuo. Esses fatores, em conjunto, determinam a velocidade das ondas eletromagnéticas. No caso das ondas gravitacionais é mais complicado, pois não temos apenas dois campos mas sim a curvatura do espaço, que é uma grandeza tensorial e não vetorial, a variação de umas componentes gerando as outras da mesma forma. Como também o espaço oferece um tipo de resistência ao campo que funciona como a permissividade e a permeabilidade, produzindo ondas que, por coincidência, se movem com a mesma velocidade. Aliás essa é a velocidade com que se movem, no vácuo, qualquer tipo de onda correspondente a um campo cuja quantização seja uma partícula desprovida de massa. A geração de ondas gravitacionais pode ser vista no livro "Gravitation" do Ohanian, um dos melhores a respeito de Relatividade Geral e Gravitação em nível de graduação. Era o que eu adotava quando lecionava essa disciplina no Bacharelado de Física da UFV, há uns trinta anos. Mas ele já está atualizado em sua mais recente edição. Também recomendo o do Weinberg e o do Adler, Basin & Schiffer, mas estes já são de pós-graduação.

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