quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Ernesto, na sua opinião, por que as pessoas mais quietas e fechadas sofrem tanto preconceito na sociedade?

Porque a grande parte das pessoas é ignorante e não tem uma visão aberta de todas as possibilidades de modos de ser, considerando-os todos válidos. Muitas pessoas acham que quem não seja do modo como elas são, são pessoas erradas. Isso é uma grande pobreza de mente. Infelizmente grande parte da população sofre desse tipo de visão antolhada. Do mesmo modo que consideram pessoas excêntricas como malucas. É preciso entender que todo comportamento, desde que não seja maléfico a ninguém, é perfeitamente admissível. Mas para pensar assim tem-se que ter grandeza de espírito e muita gente não tem. Seria importante que o processo educativo, nas escolas, inculcasse na juventude essa abertura em relação a modos de ser diferentes do comum. Isso me faz lembrar de um caso do rei persa Dario que propôs a um grupo de gregos derrotados por ele castigá-los obrigando-os a comerem os seus pais. Eles se horrorizaram e pediram para serem mortos em vez disso. A outros prisioneiros indianos, cujas celebrações fúnebres consistiam, justamente, em comerem os cadáveres dos mortos, ele propôs o castigo de queimarem os cadáveres dos pais. No que eles se horrorizaram é pediram para serem mortos em vez disso. Só que era assim que os gregos faziam com seus cadáveres. Essa história é só para mostrar como o que uns consideram uma blasfêmia pode ser uma honraria para outros e vice versa. Como uns não comerem carne de porco ou coisas do tipo. Ou homens usarem saias. Ou a poliandria e a poliginia. E muito mais. Tudo o que alguém faça como modo de ser que não cause mal a ninguém não pode ser condenado.

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