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domingo, 14 de julho de 2013
Você considera que o anarquismo seja uma condição possível ou provável? Acha que o trilho atual da humanidade levará ao anarquismo, ou algo ainda tem de ser mudado para que haja essa esperança?
O que se percebe, ao longo dos últimos milênios, é que a humanidade, com idas e vindas, tem se tornado cada vez mais democrática e libertária. A influência da religião tem decrescido também. Isso faz supor que a democracia deverá ser mundial em mais um ou dois séculos. Do mesmo modo, os regimes teocráticos serão abatidos. E a democracia é o primeiro passo para a anarquia. Outra tendência é a abolição das fronteiras, o que, parcialmente, aconteceu com a Comunidade Européia. Isso tenderá a dissolver as soberanias nacionais em administrações regionais cobertas por uma administração global. A princípio isso acontecerá por regiões, como as Américas, a Ásia, a África, mesmo que seja por partes, como a África Negra e a Islâmica, por exemplo. Depois será a fusão total. Em termos econômicos, penso que os regimes socialistas acabarão, enquanto o capitalismo se pulverizará cada vez mais, tornando todas as pessoas capitalistas, sem concentrações de riquezas em poucas mãos. Essa transformação do mundo todo em uma grande sociedade anônima é um passo para o comunismo muito mais eficaz do que o socialismo. Assim vejo que, fatalmente, em mil ou dois mil anos, o mundo se anarquizará, possibilitando a abolição da propriedade, do dinheiro, dos estados e dos governos. Mas só quando a prosperidade for completamente generalizada. Isso também é uma tendência. Todavia pode ser bem abreviada por esforços conscientes nesse sentido. O principal é encarar a economia de modo não financeiro, isto é, como produção e distribuição de bens sem o envolvimento de dinheiro. Tudo isso não é fácil nem rápido. Mas não pode ser implantado por nenhuma revolução. Tem que surgir espontaneamente. Até lá é preciso que se façam leis para a distribuição do capital das empresas por seus empregados, que deixariam de o ser e se tornariam sócios. O segredo do anarquismo está na abolição do trabalho assalariado. Está na extinção das classes e não na primazia de nenhuma delas: nem da plutocracia, nem da burguesia, nem do proletariado. Todos seriam nivelados pelo meio. Claro que haverá diferenças. O importante é que haja igualdade de oportunidades, para todos.
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