quinta-feira, 23 de novembro de 2017

Parece que tanto o seu avô quanto o se pai possuíam ideais anarquistas. Tomando como ponto de partida os conceitos deles, no quê você evoluiu ou transformou tomando em conta o seu pensar filosófico?

Meu avô morreu quando meu pai tinha oito anos e eu nasci quando meu pai tinha trinta e três anos, de modo que não conheci meu avô, mas apenas o que minha avó falava dele. Quanto ao meu pai, ele era uma pessoa extremamente liberal, um democrata convicto, totalmente infenso a toda modalidade de autocracia e ditadura, tanto que era completamente contrário aos regimes nazista e o dito "comunista" da União Soviética. Era um genuíno social-democrata ou um socialista libertário, como se costuma dizer. Mas anti-estatizante, como eu. Só que ele ainda concebia a existência do dinheiro e da propriedade, mesmo que compartilhada e bem distribuída. Pessoalmente tinha um estilo antiquado de se vestir, sempre de paletó e gravata, mesmo que só para fazer compra no mercado. Como eu, nunca usou tênis e nunca falava gíria, mas um português corretíssimo. Era um intelectual, bem como uma pessoa boníssima e intransigentemente justa. Meu verdadeiro herói. E, também, não considerava a possibilidade dos falanstérios e da família estendida que eu concebo. Já disse que meu avô veio para o Brasil como imigrante para escapar da condenação à morte por alta traição, uma vez que era a favor da república na Áustria e da independência da Hungria e da Tchecoslováquia do Império Austríaco. Minhas concepções comunistas e anarquistas são fruto de meus estudos e de minhas reflexões, não correspondendo a nenhuma corrente conhecida, mas a uma síntese polialética de várias que configuram minha proposta pessoal de anarquia e comunismo.

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