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domingo, 21 de abril de 2013
Professor, o sentido da vida encontra-se na fraternidade e na relação de amor e comunhão com as pessoas, correto? Mas, objetivamente, só tomamos esse tipo de ação por uma questão de harmonia de social e por que nos sentimos bem ou existe algo a mais?
Este é um dos sentidos que se pode dar à vida, mas há outros. Qualquer que seja ele, contudo, tem que ser algo que confira significância ao ato de viver, isto é, que se sinta gratificado por se estar vivendo. Não necessariamente isso se relaciona ao bem estar social. Alguém pode achar significado na vida em se dedicar à preservação da natureza, à arte, ao desenvolvimento da ciência ou outras atividades que não se liguem ao fomento da harmonia social. Todavia, de fato, essa significância se relaciona ao sentimento de satisfação por viver, isto é, se sentir bem, no íntimo, mesmo que se esteja passando por sofrimentos e privações. Não há nada além, fora da pessoa, que forneça significado à vida. Extrinsecamente, a vida não tem significado. A razão de ser da vida é a própria vida. Ela não surgiu com propósito nenhum. É uma acaso, uma coincidência. Poderia não ter surgido, como cada um poderia não ter nascido. Mas uma vez que surgiu e que cada um de nós nasceu, temos que ver que isso é uma preciosidade incomensurável, um privilégio inestimável. Assim, há que se valorizar a vida, a própria e a dos outros, como o bem mais valioso do Universo e se dedicar a lhe dar o máximo de significado, pois ela é única, isto é, nunca se terá outra, uma vez que acaba completamente com a morte. Essa concepção, de quem não crê em alma imortal, é muito mais lúcida e consistente do que a suposição de que se sobreviva, de algum modo, à morte do organismo e, pior ainda, que essa entidade que sobrevive pudesse passar a compartilhar outro organismo. A visão ateísta confere muito mais valor à vida do que qualquer outra.
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