domingo, 21 de abril de 2013

Discorra sobre, espírito livre e desejo de potência. Nietzsche de fato pôs fim a metafísica? O que é a "metafísica contemporânea"?


Espírito livre é a atitude de pensar e agir de acordo com suas convicções, fruto de reflexões sobre o que se apreende do mundo e da bagagem cultural assimilada, sem se importar com o que seja aceito ou condenado pelos outros, certamente consciente das consequências, possivelmente danosas para si, desse comportamento. Desejo de potência é, segundo Nietzsche, o motor das ações humanas, direcionadas para a obtenção de poder sobre os outros, sobre o mundo e sobre a natureza. De fato, este é um dos fatores que direcionam as decisões e ações das pessoas, mas não o único. Acontece que Nietzsche era um filósofo e não um cientista. Suas proposições, como em geral dos filósofos, são baseadas em suas conclusões que advêm das reflexões sobre o que sabe por observação e estudo e não no resultado de pesquisas levadas a cabo com método e critério. Atualmente a Psicologia Evolutiva, a Psicanálise, a Neurociência, a Antropologia, a Sociologia, a História e outras ciências assessoram a Filosofia no estabelecimento desse tipo de proposições. E elas mostram que, além do desejo de potência, há outros fatores, como a sobrevivência, o erotismo, a vaidade e o simples lucro, por exemplo, que são grandes motivadores das ações humanas. Por isso é que preconizo uma cientificização da Filosofia, sem prejuízo de seu aspecto especulativo e questionador.
Quanto à Metafísica, apesar de pretender, Nietzsche não acabou com ela. É que sua concepção de Metafísica era equivocada. Ele supunha que a Metafísica tratasse de entidades transnaturais, mas não é isso, mesmo que também possa tratar delas, supondo que existam. A constatação de que deuses e espíritos, como a alma, não existem, não exclui a Metafísica. Esta se ocupa com conceitos que ultrapassam os apenas naturais e sociais, mas que sejam puras abstrações, isto é, concepções mentais, inexistentes sem que haja mentes que as concebam. A Metafísica cuida da categorização da realidade, do estabelecimento de critérios de enquadramento de algo em tal ou qual categoria, do estudo das propriedades dos seres e de sua classificação, da verificação das relações existentes entre o que os conceitos estabelecidos se reportam, da fixação de definições dos termos envolvidos nos juízos e suas correspondentes proposições e assim por diante. Há lugar para a Metafísica e seu principal capítulo, a Ontologia, na Filosofia, especialmente se se pretender, como advogo, que a Filosofia se dispa de qualquer adjetivação e se configure como uma disciplina sem escolas de pensamento conflitantes. Isto é, que se possa, em qualquer caso, proceder à escolha de qual concepção seja a verdadeira e a Filosofia se amolde ao "corte epistemológico" que vigora nas verdadeiras ciências, segundo o qual, a cada estágio, apenas uma concepção, a respeito de cada assunto, seja aceita como válida e que, quando for revisada, promova a erradicação da concepção anterior ou o seu encaixe como caso particular da nova concepção.

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