domingo, 21 de abril de 2013

Professor, por favor, comente essa frase: "Busco um instante feliz que justique minha existência” – Fiodór Dostoiévski O senhor não acha que a existência deve ser justificada plenamente pela ética independente de trazer felicidade?

Certamente que sim. Mesmo não sendo feliz, a vida vale se for conduzida no sentido do bem. Mas isso não impede que se almeje a felicidade e se compraza com ela. O que não se pode é colocar o sentido da vida na busca da felicidade. Porque, inclusive, assim o fazendo, não se a alcançará. A felicidade é um brinde, não se conquista, como se conquistam poder, riqueza, prestígio ou outros valores. E ela não é concedida por ninguém. Ela surge na vida. Normalmente isso acontece se se leva a vida com virtude. Mas pode não acontecer. Mesmo assim, o abandono da virtude só piorará o estado de felicidade individual. Não há nada a fazer a respeito da felicidade, senão aguardá-la e agir sempre de modo que ela possa se apresentar. Ou seja, para que ela ocorra há condições a serem preenchidas. Umas dependem de nós mesmos, outras do resto do mundo. Mas, mesmo que o resto do mundo nos traga só amargura, sempre é possível ter uma atitude estoica e de ataraxia, que faça com que a dor e o sofrimento, físicos ou psíquicos, não nos abalem tanto, propiciando uma serenidade que pode, até, ser considerada felicidade, mesmo sem alegria. E também se pode ter uma atitude de inconformismo que, se for canalizado para uma luta para mudar essas condições adversas, poderá proporcionar uma satisfação que representa felicidade, mesmo que a luta não logre sucesso.

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