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domingo, 14 de julho de 2013
Estando cada vez mais próximo da morte, como se sente? Você se vê como um "estrangeiro" no mundo, como diria Camus?
A morte não me atemoriza nem um pouco, pois sei que é como um sono profundo sem retorno. De modo que, mesmo que eu sofra dores em sua chegada, quando ela vier tudo se acaba e eu deixo de existir definitivamente. Realmente me sinto um estrangeiro no mundo. A maior parte de tudo o que a maioria das pessoas pensa eu penso diferente. Em verdade não tenho amigos mesmo, que compartilhem minhas idéias. Vivo muito comigo mesmo. Minha interação maior com as pessoas é pela internet, pois as raras pessoas que comungam comigo estão espalhadas pelo mundo afora. Em geral sou malhado a torto e a direita, por esquerdistas e direitistas, por religiosos e ateus, por intelectuais e broncos, por pobres e ricos, por machistas e femistas (mas não por masculinistas e feministas), por cientistas, artistas e filósofos, por quem gosta de música clássica e por quem gosta de música popular, por quem gosta de pintura acadêmica e por quem gosta de pintura moderna. Porque não me enquadro em nada do que se considera o padrão da moda (inclusive no vestuário). No trabalho sou respeitado porque sempre dou conta do recado, mas muita gente não gosta do meu nível de exigência e perfeccionismo. Não tolero preguiça e nem desleixo. De modo que me sinto muito isolado. Mas não transijo para agradar a ninguém. Todavia isso não me deixa grilado nem deprimido. Só desapontado com a burrice, a indolência, a ignorância, o preconceito, a intransigência, a ganância, o egoísmo, a desonestidade, a maldade. Mas confio que o mundo vai melhorar. Só que não vou ver, pois meu prognóstico é que essa melhora demorará muitos séculos ou milênios para chegar.
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