O que você pensa sobre poliamor?

Amor é algo que se é capaz de conceder sem limitação nenhuma. E está totalmente fora do controle racional. O que se pode é não consentir em expressar o amor, mas não se pode impedir de sentir. E se pode, muito bem, sentir amor por mais de uma outra pessoa, não só sequencialmente como simultaneamente. Estou falando da forma de amor erótica. E amor sincero e profundo. Claro que o amor philia, o amor ágape, o amor fraternal, filial e paternal ou maternal, podem ser múltiplos. Mas o romântico também, como a atração sexual. Nossa sociedade é que não considera admissível a vivência plural do amor romântico. Mas outras sim. E, se isso é uma capacidade humana, porque não ser permitida? Não digo preconizada, mas aceita como válida. E não é traição nenhuma, desde que todas as pessoas envolvidas estejam cientes e de acordo. Não vejo problema nenhum, inclusive de que seja legalizado como poliginia, poliandria, ou ambos. Para mim, grande parte dos problemas amorosos e da infelicidade que o amor, às vezes, traz, deixariam de existir se os namorados e namoradas admitissem que suas namoradas e namorados também tivessem outros ou outras. Isso não diminui, nem um pouco, a intensidade do amor para cada um dos envolvidos. O monoamorismo e a monogamia surgiram a partir de considerações econômicas numa época em que uma família era uma unidade econômica em que os papéis masculino e feminino eram distintos. Como hoje o provimento do lar e os serviços domésticos são compartilhados por todos os membros da família (inclusive filhos), não há razão mais para isso. Cada adulto, seja homem ou mulher, tem que se prover e contribuir para o provimento da prole, enquanto criança. O ideal, numa sociedade anárquica, é uma concepção ampla, compartilhada e distribuída de família, com a extinção da residência familiar biparental. Isso é muito mais eficiente, eficaz, inclusive do ponto de vista econômico. E muito mais ético e propício à felicidade. A moral é que está errada a respeito e precisa ser mudada.